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Ex-embaixador critica requisição imposta a diplomatas na Venezuela

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BRASÍLIA – O ex-embaixador Rubens Barbosa considerou que é prova da deterioração da democracia na Venezuela a decisão do Ministério das Relações Exteriores daquele país de controlar o contato do corpo diplomático com a Assembleia Nacional, comandada desde janeiro pela oposição. A notícia, publicada pelo jornal “Folha de S. Paulo”, afirma que a ministra de Relações Exteriores da Venezuela, Delcy Rodríguez, convocou uma reunião no início de janeiro com todos os embaixadores credenciados no país para dizer que a partir daquele momento quem quisesse ter contato com parlamentares da Assembleia Nacional precisaria pedir antes a autorização do ministério. O Itamaraty confirmou a informação, mas disse que essa conduta já vem sendo adotada desde o ano passado.

— É um exemplo a mais da falta de liberdade na Venezuela. Você não pode proibir o corpo diplomático de ter acesso a todos os Poderes daquele país. Nem nos países comunistas isso foi feito. Demonstra a gradual deterioração da democracia na Venezuela — afirma Barbosa.

O ex-embaixador lembra que faz parte da atividade corriqueira do diplomata manter conversas com todos os entes do governo para se informar.

— Ninguém vai tramar golpe com a oposição. Agora, você ter acesso ao Executivo, ao Legislativo e ao Judiciário faz parte da função do diplomata. Você tem que conversar com todo mundo, tudo isso é legal, é de praxe — afirmou.

Já o ministro conselheiro Aldo Faleiro, que já serviu na embaixada brasileira em Caracas entre 2006 e 2008, sob o governo de Hugo Chávez, considerou “estranha e ineficaz” a atitude do governo do presidente Nicolás Maduro. Atualmente baseado na embaixada do Brasil em Paris, ele pontua que é muito difícil impedir que um deputado telefone para uma embaixada ou faça uma visita a um diplomata, já que o contato entre parlamentares e diplomatas é frequente.

— O que não pode é um diplomata participar de manifestações, isso não dá. Mas ninguém vai conseguir impedir um deputado de contatar um diplomata. Isso é totalmente ineficaz — disse, informando que enquanto serviu em Caracas essa determinação não estava em vigor e os diplomatas brasileiros se comunicavam livremente com a Assembleia Nacional, à época dominada por governistas.

A assessoria de imprensa do Itamaraty informou que o governo brasileiro cumpre à risca a determinação da Venezuela e que isso acontece desde 2015. O Itamaraty disse ainda que, no Brasil, não existe limitação do contato entre diplomatas estrangeiros e parlamentares brasileiros.


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