Cientistas criam robô líquido que parece ter saído do filme “Exterminador do Futuro 2”; veja vídeo
Mundo – Imagine um robô que escapa por entre grades, se divide em pedaços e continua funcionando como se nada tivesse acontecido. Parece ficção científica diretamente de Exterminador do Futuro 2, mas é realidade – e foi criado por cientistas da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul. Esse pequeno dispositivo, com apenas 6 milímetros (pouco maior que um grão de sal grosso), é feito de partículas líquidas e flexíveis que imitam o comportamento de células vivas, desafiando tudo o que se sabia sobre robótica até agora.
Robô líquido parece ter saído de ‘O Exterminador do Futuro 2’ pic.twitter.com/uraYnCh3Sr
— Olhar Digital (@olhardigital) March 28, 2025
Publicado na revista Science Advances em 21 de março, o estudo liderado pelo engenheiro mecânico Hyobin Jeon apresenta um robô que combina a fluidez de um líquido com a resistência de um sólido. Feito de partículas super-hidrofóbicas – que repelem água e protegem circuitos minúsculos –, o dispositivo é capaz de se deformar, atravessar obstáculos como grades microscópicas, se dividir em partes e até se fundir novamente, tudo sem perder sua programação ou funcionalidade.
“O robô líquido nasceu de um cubo de partículas que ‘derretemos’ para dar maleabilidade, mantendo a coesão e a estabilidade”, explica Jeon em comunicado. Nos testes, ele resistiu a compressões extremas, quedas e terrenos irregulares, se movendo com facilidade em água e capturando objetos com precisão. Controlado por ultrassom, o robô também demonstrou capacidade de se unir a unidades semelhantes, formando uma espécie de enxame robótico.
Diferente do temido T-1000 do cinema, esse robô não veio de um futuro distópico, mas da natureza. Os cientistas se inspiraram na capacidade das células vivas de se adaptar, dividir e fundir – um processo que robôs rígidos nunca conseguiram replicar por causa da limitação de seus materiais. “Por anos, tentamos imitar essa flexibilidade, mas a rigidez sempre foi um obstáculo. Agora, superamos isso”, celebra o professor Ho-Young Kim, coautor da pesquisa.
Nos vídeos dos testes, o robô líquido aparece atravessando grades metálicas como se fosse água, recuperando sua forma original após impactos e até transportando pequenos materiais. A combinação de maleabilidade e resistência abre um leque de possibilidades que vai muito além do laboratório.
Os pesquisadores enxergam no robô líquido uma revolução para áreas como medicina e exploração. Na saúde, ele poderia navegar pelo corpo humano para entregar medicamentos em locais precisos ou realizar cirurgias minimamente invasivas. Em situações de desastre, enxames desses dispositivos poderiam vasculhar escombros ou neutralizar substâncias químicas em áreas de difícil acesso. “Queremos ir além e controlar sua forma com ondas sonoras ou campos elétricos, ajustando a rigidez conforme a necessidade”, adianta Kim.
Mas nem tudo é otimismo. A semelhança com tecnologias fictícias de filmes como Exterminador do Futuro levanta questões éticas e de segurança. Um robô que se divide e mantém sua função poderia, em mãos erradas, ser usado para fins menos nobres? Por enquanto, os cientistas garantem que o foco está em aplicações práticas e controladas, como inspeções industriais em máquinas complexas.
Créditos: Olhar Digital