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Assim como em Paris, belgas reagem e vão às ruas contra o extremismo

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BRUXELAS — A capital da Europa amanheceu aos sobressaltos. Quatro meses depois dos atentados de Paris, agora é a Bélgica o alvo do terror. Mas, após um dia marcado pela cena violenta das explosões, sirenes de ambulâncias, policiais armados nas ruas e confusão nos hospitais, os moradores de Bruxelas reagiram exatamente como os parisienses na sequência dos ataques de novembro passado: saíram às ruas para desafiar os radicais.

O belga Thibault Demarneffe, de 22 anos, estudante de Turismo, enrolou-se numa grande bandeira do seu país e foi para a Praça da Bolsa, no centro da capital, acender velas pelas vítimas:

— Não temos medo. Se não sairmos hoje, não sairemos nunca! Não podemos ter medo na nossa casa. É importante estar aqui para demonstrar a unidade da Bélgica e a solidariedade às vítimas.

Thibault mora a 500 metros da estação do metrô de Maelbeek, um dos alvos de terça-feira. Já tinha saído de casa quando aconteceu a explosão. Ao chegar na escola, pediram que retornasse e não saísse mais. Depois da prisão, semana passada, de Salah Abdeslam — um dos principais suspeitos dos ataques de Paris — Thibault achou que o terror poderia acontecer na Bélgica. Mas não imaginou ser tão rápido.

POLICIAIS E RUAS INTERDITADAS NO CENTRO

Bruxelas está em alerta máximo. O Centro foi tomado por policiais fortemente armados. As ruas próximas à estação Maelbeek, onde morreram 20 pessoas, continuavam isoladas na noite de terça-feira.

O português Vitório Cardoso ficou chocado com a falta de rigor na vigilância belga. Consultor de uma empresa de Macau, veio a Bruxelas para uma reunião de trabalho. Chegou um dia antes dos atentados e foi assaltado. Vitório contou que foi à central da polícia de Bruxelas com a cópia da identidade roubada, mas os policiais sequer quiseram anotar seu nome ou fazer o boletim de ocorrência.

Após as explosões, Vitório voltou à delegacia com a cópia do documento roubado, mas um policial o dispensou, dizendo que o serviço de queixas estava fechado. O português não resistiu e disse:

— Senhor agente, não se preocupa comigo porque eu perdi a carteira de identidade mas tenho um passaporte. Se preocupe com vocês!

A Praça da Bolsa em Bruxelas é o retrato da Praça da República em Paris logo depois dos atentados. Apesar do frio, pessoas chegaram de vários pontos da cidade com velas, cartas e flores para as vítimas. Uma bandeira do Brasil foi colocada no chão, em meio a de outros países.

Muçulmanos também foram à praça mostrar que repudiam o terror praticado em nome do Islã. Dois gêmeos marroquinos de 23 anos, Houssan e Hassane, fizeram um coração de velas e colocaram uma música do país natal que, segundo eles, condena guerras e reza por todos. Os dois são imigrantes recentes na Bélgica: chegaram com a mãe e outras três irmãs há sete anos do Marrocos. Estudam informática, mas temem perder oportunidades de trabalho por conta da reação contra muçulmanos.

— Me sinto mal, mas muito mal mesmo. O Islã não é isso — lamentou Houssan.

Depois das explosões, a mãe pediu que não saíssem às ruas, com medo de agressões. Mas Hassan disse que eles fizeram questão de ir à praça:

— Nós só viemos para a Bélgica para trabalhar, fazer o bem. Nada mais — enfatizou Hassan.

A jornalista belga Leen Deridder, de 28 anos, passou o dia anunciando as notícias do terror na rádio onde trabalha. Terminado o expediente, decidiu ir para a praça, não para fazer reportagens, mas para prestar sua homenagem às vítimas:

— É surrealista. É bizarro. Não sei o que vai acontecer quando voltar para casa, sozinha.





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