Manaus entra em ‘estado de Mobilização’ após fumaça de queimadas cobrir a capital; veja vídeo
Manaus – A Prefeitura de Manaus anunciou nesta segunda-feira (12) a mudança do estado da cidade para “mobilização”, um estágio anterior ao de alerta, devido à crescente fumaça proveniente de queimadas em municípios do interior do Amazonas. A medida foi tomada após o terceiro dia consecutivo em que a capital amanheceu encoberta por densas camadas de fumaça, elevando os níveis de poluição do ar.
O prefeito David Almeida apresentou um plano de enfrentamento baseado em dez ações estratégicas que envolvem a articulação entre diferentes secretarias municipais e têm execução imediata. Entre as principais medidas estão campanhas publicitárias para conscientizar a população, a criação do Comitê Municipal de Combate às Queimadas, articulação com municípios vizinhos e a difusão de alternativas ao uso do fogo para preparo do solo.
“Pela primeira vez, a cidade de Manaus tem um cadastro de todos os seus produtores rurais. Estamos entrando para ampliar a mecanização das áreas de produção dentro do programa ‘Manaus sem Fumaça’”, destacou David Almeida. A prefeitura já realiza, desde 2021, um trabalho contínuo com os produtores rurais do município, incentivando a substituição do uso do fogo por técnicas mais sustentáveis, como o uso de calcário para o preparo do solo.
O prefeito foi enfático ao cobrar ações mais efetivas dos governos estadual e federal, afirmando que a atual situação de queimadas era previsível e que a prefeitura já havia tomado todas as medidas necessárias para evitar focos de incêndio na capital. “Mais uma vez, estamos prejudicados pela falta de articulação de quem poderia estar atuando. Estamos colocando a cidade de Manaus à disposição dos entes federativos. Se deu certo aqui, vamos buscar reproduzir nos demais municípios”, afirmou Almeida.
O plano de enfrentamento inclui a continuidade da campanha publicitária “Sem queimadas, não há fumaça”, e a publicação diária de boletins informativos, além de recomendações médicas para a população, especialmente para os grupos mais vulneráveis, como idosos e pessoas com problemas respiratórios. Marinélia Ferreira, diretora de Vigilância Epidemiológica, Ambiental, Zoonoses e da Saúde do Trabalhador (DVAE/Semsa), informou que os atendimentos nas mais de 200 unidades básicas de saúde aumentaram significativamente nos últimos dias, devido à poluição do ar. “Pedimos que esses grupos evitem atividades físicas ao ar livre e, se apresentarem sintomas, procurem uma unidade básica de saúde”, aconselhou.
Desde sábado (10), a qualidade do ar em Manaus tem sido gravemente comprometida por fumaça. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), os incêndios têm origem em municípios como Manacapuru, Autazes, Careiro, Itacoatiara e Manaquiri, que registraram 29 focos de queimadas nos últimos três dias. No entanto, Manaus ainda não apresentou registros de queimadas em seu território nesse período.
O município de Apuí, no Amazonas, é um dos mais afetados do país, com 90 focos de queimadas registrados entre domingo (11) e segunda-feira (12), de acordo com o INPE, ficando atrás apenas de Itaituba e Novo Progresso, no Pará.
Além das ações imediatas, a prefeitura está implementando o programa “Manaus sem fumaça, produção sem queimadas”, que incentiva a mecanização agrícola e a substituição do fogo pelo uso de calcário. Produtores que persistirem no uso do fogo para o preparo do solo serão excluídos do programa.
Confira as dez medidas anunciadas pelo prefeito David Almeida para combater a fumaça em Manaus:
- Continuação da campanha publicitária “Sem queimadas, não há fumaça”;
- Criação do Comitê Municipal de Combate às Queimadas;
- Articulação com os municípios da região metropolitana de Manaus e com a Associação dos Municípios do Amazonas para ações compartilhadas;
- Publicação diária de boletins informativos;
- Recomendações médicas e orientações sobre os cuidados com a saúde, pela Semsa;
- Medidas para evitar o acúmulo e produção de vegetação seca para evitar queimadas;
- Sensibilização sobre as queimadas nas redes de ensino, unidades básicas de saúde, CRAS, terminais de transporte, feiras e mercados municipais, e demais espaços públicos;
- Campanha de sensibilização pelo “Não Uso do Fogo” junto às entidades do setor primário da zona rural e periurbana de Manaus;
- Difusão de alternativas para o preparo do solo sem o uso do fogo, conforme orientações técnicas da pesquisa agropecuária;
- Estabelecimento de uma unidade especial de fiscalização para combate às queimadas, composta pela Guarda Municipal Ambiental e SemmasClima.
Essas ações visam mitigar os impactos da fumaça na saúde da população e garantir a segurança ambiental da capital, mas o prefeito David Almeida deixou claro que o sucesso desse esforço depende da colaboração das demais esferas de governo.