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Treze governadores e 36 senadores serão citados nas delações da Odebrecht

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SÃO PAULO – Reportagem da revista Veja, deste final de semana, mostra que as delações premiadas do empresário Marcelo Odebrecht e de altos funcionários da empreiteira deverão citar pelo menos treze governadores e 36 senadores como beneficiários de propinas nas campanhas eleitorais de 2010 e 2014. De acordo com a publicação, a Odebrecht distribuiu cerca de R$ 100 milhões em recursos, à margem da lei, aos candidatos.

Segundo a revista, a presidente afastada Dilma Rousseff será o principal alvo das revelações de Marcelo Odebrecht. O empresário que está preso desde junho do ano passado, condenado a 19 anos de prisão por lavagem de dinheiro e associação criminosa, confirmará aos investigadores da operação Lava Jato que a reeleição de Dilma foi financiada com propina depositada em contas no exterior, diz a Veja. Segundo a revista, Odebrecht decidiu fazer o acordo de delação depois de todas as tentativas de livrá-lo da prisão.

De acordo com a Veja, as investigações da operação Lava Jato já rastrearam o repasse de US$ 3 milhões da empreiteira para uma conta na Suíça do marqueteiro João Santana, responsável pelas três últimas campanhas presidenciais do PT. A investigação da Lava Jato também descobriu que outros R$ 22,5 milhões foram pagos a Santana em dinheiro vivo. O pagamento aconteceu, de acordo com a revista, entre outubro de 2014, quando Dilma conquistou o segundo mandato, e maio de 2015.

Segundo a revista apurou, Odebrecht dirá que os detalhes do financiamento eleitoral foram combinados com Giles Azevedo, ex-chefe de gabinete da presidente afastada. O ex-secretário particular da petista, Anderson Dorneles, também será citado por Marcelo Odebrecht. Segundo a revista, Dorneles pediu um ajuda financeira e repasses mensais de R$ 50 mil teriam sido feitos a “um laranja”. Douglas Franzoni, de Anderson para serem entregues a ele.

Pelo menos 50 altos funcionários da Odebrecht devem fechar acordos de delação premiada, diz a revista. Eles fornecerão detalhes do pagamento de propina a políticos do país, entre eles 13 governadores e 36 senadores, diz a revista, que receberam mais de R$ 100 milhões nas campanhas de 2010 e 2014, distribuídos à margem da lei. Ainda segundo a publicação, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, também será citado por ter recebido recursos “por fora” para sua campanha presidencial, exatamente como Dilma.

A delação de Marcelo Odebrecht, segundo a revista, listará também entre seus beneficiários de seu “caixa clandestino” o senador Romero Jucá. Jucá, de acordo com a publicação, era remunerado por acolher emendas de interesse da Odebrecht em seus relatórios sobre os principais projetos em tramitação no Senado. Dois ministros de Temer também serão citados: Geddel Vieira Lima (secretaria de governo) e Henrique Eduardo Alves (Turismo).

A revista lembra também que depois de resistir, o empresário Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS, decidiu fazer acordo de delação premiada numa tentativa de ver sua pena de 16 anos reduzida. Leo Pinheiro, por sua vez, dirá que pagou as reformas do sítio, em Atibaia, de Lula a pedido do próprio, que o triplex era realmente do ex-presidente e que Aécio recebia 5% de propina das obras da cidade administrativa, através de um emissário. Outros beneficiários citados pelo empresário são Geddel Vieira, Romero Jucá, o presidente do Senado Renan Calheiros e o deputado Eduardo Cunha.

Procurado, o senador Aécio Neves afirmou que “rechaça de forma veemente mais essa tentativa de vinculá-lo e a seu governo em Minas a supostas delações ainda não ocorridas” e que, “se as citações a seu nome ocorreram, são absolutamente descabidas”. Na nota, Aécio diz ainda que a obra citada foi feita por um conjunto de empresas com qualificação para realizá-la, acompanhada pelo Ministério Público, pelo Tribunal de Contas do Estado e ainda por empresa independente contratada para fiscalizá-la.

“Ao final da obra, pedidos de reajustes apresentados por empresas participantes foram negados pelo órgão governamental responsável. O que demonstra que não houve qualquer tipo de favorecimento a quem quer que fosse”, disse o senador em nota.

Geddel Vieira Lima disse não estar surpreso com o conteúdo da citação porque todas as vezes em que se dirigiu a Emílio Odebrecht e Leo Pinheiro foi para solicitar recursos de campanha. Ele negou ter feito caixa dois. A assessoria de Romero Jucá informou que o senador desconhece a delação de Leo Pinheiro, mas nega que tenha recebido quaisquer recursos financeiros ilegais da OAS. Henrique Alves disse que todas as doações recebidas pela campanha foram de acordo com a lei e registradas nos tribunais eleitorais.

Dilma, Lula, Eduardo Cunha, Anderson Dorneles, Douglas e Giles Azevedo foram procurados, mas ainda não responderam o contato da reportagem.


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