OAB planeja novo código de conduta para proibir ostentação de advogados na internet
Brasil – A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) está prestes a dar um passo significativo para regulamentar o comportamento de advogados nas redes sociais. Ainda em 2025, a entidade deve lançar um novo código de conduta com foco em coibir a ostentação virtual e a captação predatória de clientes pela internet, práticas que têm gerado preocupação entre os líderes da profissão. O anúncio foi feito pelo presidente da OAB, Beto Simonetti, que destacou a necessidade de adequar a atuação dos advogados ao ambiente digital sem comprometer a ética e a sobriedade que caracterizam a advocacia.
Simonetti revelou que a OAB já acumula centenas de procedimentos abertos para investigar posturas inadequadas de profissionais nas plataformas digitais. Ele enfatizou que não considera apropriado usar as redes sociais para prometer soluções milagrosas em grandes casos ou exibir fortunas e riquezas. Para o presidente, tais comportamentos não apenas mancham a imagem da advocacia, mas também criam uma percepção distorcida sobre o papel do advogado na sociedade. Ele acredita que a profissão exige discrição e responsabilidade, valores que nem sempre se alinham ao exibicionismo observado em algumas postagens.
A iniciativa faz parte de uma atualização do plano de marketing jurídico nacional, que não passava por revisões desde 2022. O objetivo é adaptar as diretrizes éticas às inovações tecnológicas, especialmente ao uso crescente das redes sociais como ferramenta de divulgação profissional. O novo código busca reforçar que a publicidade na advocacia deve ter caráter estritamente informativo, mantendo a discrição e o respeito aos princípios que regem a profissão. A medida também dialoga com o Provimento 205/2021, editado há quatro anos, que já proibia a exibição de bens – relacionados ou não à atividade profissional – em materiais publicitários.
A decisão da OAB reflete um momento de transformação no mercado jurídico, impulsionado pela digitalização. Se por um lado as redes sociais abriram portas para que advogados alcancem novos públicos, por outro, trouxeram desafios éticos inéditos. Casos de profissionais que exibem carros de luxo, viagens extravagantes ou prometem vitórias judiciais garantidas têm gerado debates dentro e fora da categoria. Para a OAB, o limite entre a autopromoção legítima e a ostentação antiética precisa ser mais bem definido.