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Grampo telefônico sugere que Dilma agiu para tentar evitar a prisão de Lula

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SÃO PAULO – A Polícia Federal encontrou indícios de que a presidente Dilma Rousseff pode ter agido para tentar evitar a prisão do ex-presidente Lula. Diálogo divulgado nesta quarta-feira em inquérito que tramita em Curitiba mostra uma conversa telefônica entre o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff, no qual ela diz que encaminhará a ele o “termo de posse” de ministro. (Leia a íntegra do auto de interceptação telefônica da presidente Dilma)

Dilma diz a Lula que o termo de posse só deveria ser usado “em caso de necessidade”. A conversa foi registrada no início da tarde desta quarta-feira pela PF, poucas horas antes da publicação da posse de Lula para o cargo de ministro da Casa Civil.

Veja o diálogo:

Dilma: Seguinte, eu tô mandando o “bessias” junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?!

Lula: “Uhum”. Tá bom, tá bom.

Dilma: Só isso, você espera aí que ele tá indo aí.

Lula: Tá bom, eu tô aqui, eu fico aguardando.

Dilma: Tá?!

Lula: Tá bom.

Dilma: Tchau

Lula: Tchau, querida.

OBSTRUÇÃO DA JUSTIÇA

Uma das conversas descritas em relatório da Polícia Federal anexado ao inquérito, o ex-presidente se diz insatisfeito com a atuação do vice procurador-geral Eugênio Aragão, em conversa com um dos diretores do Instituto Lula, Paulo Vannuchi, em 27 de fevereiro deste ano. Na gravação, Lula mostra-se insatisfeito com o vice-procurador-geral, Eugênio Aragão, e diz que colocaria duas parlamentares do PT “em cima” de um outro procurador da Procuradoria Geral da República (PGR).

“Aquele filho da puta do Procurador antes de dar a notícia da intimação, na quinta-feira, para o advogado, deu pra Globonews. É um filho da puta mesmo (…) O problema é o seguinte, Paulinho, nós temos que comprar essa briga, eu sei que é difícil, sabe?! Eu as vezes fico pensando até que o Aragão deveria cumprir um papel de homem naquela porra, porque o Aragão parece nosso amigo, parece, parece, mas tá sempre dizendo “olha…”, diz Lula.

Mais adiante, o ex-presidente aponta o que seria uma solução para ter alguém de confiança dele na PGR:

“Nós vamos pegar esse de Rondônia agora, eu vou colocar a Fátima Bezerra e a Maria do Rosário em cima dele”, diz. Segundo a PF, trata-se do procurador Douglas Kirchner.

QUEBRA DO SIGILO

Nesta quarta-feira, o juiz Sérgio Moro decidiu derrubar o sigilo do inquérito que investigava as atividades do presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, e o ex-presidente e remetê-lo à Procuradoria Geral da República, por sugestão da força tarefa da Lava-Jato em Curitiba.

“Constata-se que o ex-presidente já sabia ou pelo menos desconfiava de que estaria sendo interceptado pela Polícia Federal, comprometendo a espontaneidade e a credibilidade de diversos dos diálogos”, escreveu Moro em despacho divulgado nesta quarta.

Segundo juiz, “alguns diálogos sugerem que tinha conhecimento antecipado das buscas” realizadas em 4 de março. Moro argumenta que “somente o terminal utilizado pelo ex-presidente foi interceptado”, e não o de “autoridades com foro privilegiado, colhidos fortuitamente”, em menção à presidente Dilma Rousseff e a ministros que conversaram com Lula.

O juiz também explicou ter mantido no despacho diálogos interceptados de Roberto Teixeira, advogado de Lula, por entender haver motivos para considerá-lo “um investigado”, e não apenas advogado do ex-presidente.


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