Conselho de Ética discute suspeita de fraude para beneficiar Cunha
BRASÍLIA — O Conselho de Ética faz reunião na manhã desta quarta-feira para discutir a suspeita de fraude na assinatura do deputado Vinicius Gurgel (PR-AP), no pedido de renúncia do cargo de conselheiro apresentado na noite da abertura de investigação do processo contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de acordo com reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”. O vice-presidente do Conselho, deputado Sandro Alex (PPS-PR), disse que a denúncia tem que ser apurada e, além da apuração pelo próprio conselho, é preciso enviar o caso à Procuradoria Geral da República, para investigação de falsidade ideológica em documento público. Outros conselheiros defenderam que seja feita representação contra Gurgel no Conselho.
— O Conselho de Ética, todo ele, seus conselheiros, foram vítimas de um crime. Naquela noite alguns me questionaram sobre essa assinatura. Eu tinha um documento e não acreditava em falsificação. É inacreditável. Estamos aguardando que ele possa nos trazer as respostas. O líder Maurício Quintella Lessa disse que ele estava doente e Gurgel diz, à Folha, que estava alcoolizado — disse Sandro Alex.
O vice-presidente do Conselho lembrou que na noite da votação disseram que aguardavam, por via aérea, a assinatura da Gurgel, o que difere das declarações dadas ao jornal. Sandro Alex defendeu que o conselho encaminhe, independente do procedimento adotado no conselho, o envio dos dados à Procuradoria Geral da República, para investigação:
— O que temos aqui é falsidade ideológica. Documentos públicos sendo fraudados.
Outros conselheiros defenderam a requisição do exame grafotécnico feito à pedido da Folha, a investigação dos fatos e representação contra Vinicius por fraude O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) também disse que foi cometido um crime e que a manobra, todos do conselho viram, foi feita para evitar o voto do deputado Assis Carvalho (PT-PR), que seria pela abertura do processo contra Cunha.
— Isso atenta contra o decoro e é delito tipificado no Código de Ética. Vinicius renunciou porque estava doente, como disse o líder, ou bebeu? — disse Delgado.
— Ele pode estar de ressaca, pode ter deixado os documentos assinados, é lógico que visou tirar o deputado Assis Carvalho (PT-PR) da votação. Sugiro fazer as ações coletivamente: o pedido à PGR e a representação, pelos líderes, contra Vinicius Gurgel — acrescentou o líder do PSOL, Ivan Valente (SP)
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), cobrou que o conselho chamasse Vinicius para comparecer à reunião:
— Sugiro que a secretaria da Mesa inste, não por condução coercitiva, a vinda do deputado Vinicius até aqui. Ele está na Casa.
— O deputado Vinicius Gurgel sabe da reunião, cabe a ele decidir se vem ou não. Não vou constranger nenhum membro desse conselho — respondeu o presidente José Carlos Araújo (PR-BA).
Enquanto Araújo falava, às 11h39, o deputado Vinicius Gurgel entrou na reunião do Conselho. E avisou que quer se manifestar.