PCC lava dinheiro com imóveis e empresas na Flórida, diz investigação do FBI
Mundo – O Primeiro Comando da Capital (PCC), maior facção criminosa do Brasil, está sob a mira do FBI por suspeitas de lavagem de dinheiro por meio de investimentos em imóveis e empresas na Flórida, Estados Unidos. Informações obtidas da polícia norte-americana, dão conta de que investigação tem como alvo membros e pessoas ligadas ao grupo, com foco em Miami, um dos principais destinos de brasileiros e ponto estratégico para operações financeiras ilícitas na América Latina.
A investigação ganhou força após a ordem executiva do ex-presidente Joe Biden, em 2021, que ampliou os poderes do Departamento do Tesouro dos EUA para sancionar indivíduos e empresas envolvidos no tráfico internacional de drogas. O PCC foi um dos primeiros alvos dessa medida. “Há um interesse crescente em entender como o grupo acessa o sistema financeiro americano”, revelou uma fonte sob anonimato. Em março de 2024, Diego Macedo Gonçalves, conhecido como Brahma, integrante do PCC, foi incluído na lista de sanções do Tesouro, sendo o único brasileiro associado ao narcotráfico internacional entre 23 investigados.
Conexão albanesa e carteiras diplomáticas
As apurações do FBI também miram Marinel Bozhanaj, um albanês parceiro do PCC. Bozhanaj é ligado à fundação da Bozhanaj Group Corporation, criada em 2023 em Miami, ao lado de uma mulher e outro suspeito cuja identidade não foi revelada para proteger as investigações. Relatórios recentes da empresa mostram que Bozhanaj e a mulher permanecem como diretores, enquanto o outro sócio, dono de um apartamento em Miami, segue sob análise. O Ministério Público Federal (MPF) do Brasil confirmou a propriedade do imóvel em 2024.
Além disso, Bozhanaj e outros membros da cúpula do PCC adquiriram carteiras de imunidade diplomática por R$ 2 milhões cada, fornecidas pelo então cônsul de Moçambique no Brasil, Deusdete Januário Gonçalves. A operação foi intermediada por Willian Barile Agati, conhecido como Senna, o “concierge” do PCC, responsável por facilitar “serviços” para a facção, segundo investigações da Polícia Federal brasileira.
Empresas de fachada e imóveis
Outro foco das autoridades é uma empresa de exportação fundada em 2015 por um suspeito ligado ao PCC, também em Miami, junto à sua esposa. A mulher e a filha do casal operam ainda uma companhia de fretes internacionais na mesma cidade, reforçando a suspeita de que a Flórida serve como hub para lavagem de dinheiro da facção. A movimentação de ativos em imóveis e empresas na costa leste dos EUA tem chamado a atenção pela sofisticação das operações, que buscam mascarar a origem ilícita dos recursos.
A atuação do PCC na Flórida não é novidade, mas as investigações recentes do FBI e do Departamento do Tesouro sinalizam um cerco mais apertado contra a facção. A conexão com redes criminosas internacionais, como a máfia albanesa, e o uso de estruturas financeiras legais para ocultar lucros do narcotráfico colocam o grupo no radar das autoridades globais. A expectativa é que novas sanções e prisões sejam anunciadas conforme as investigações avançam.
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