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Torneio para ‘privilegiados’ em campo de golfe causa polêmica

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Segundo campo de golfe público do país, a instalação construída na Barra da Tijuca para receber a competição olímpica — e que ficará de legado para a cidade após a Rio-2016 — virou alvo de uma nova polêmica nesta semana. Inaugurado no início de março para o evento-teste, o campo de golfe receberá um torneio com 72 atletas amadores no próximo dia 16, que está sendo organizado pela Confederação Brasileira de Golfe (CBG), com inscrição a R$ 5 mil, valor que está sendo questionado por se tratar de um campo público.

No convite feito aos golfistas amadores, a CBG informa que este “seleto grupo” terá o “privilégio” de utilizar o campo olímpico antes dos grandes atletas do esporte. E isto causou estranheza por se tratar de um espaço público que, inicialmente, ficaria fechado até os Jogos. Mas a comunicação da entidade afirma que a causa é nobre: todo o dinheiro arrecadado no torneio será utilizado no projeto social Golfe Para a Vida, que perdeu patrocinadores importantes recentemente. O projeto ajuda a capacitar profissionais de educação física a darem aulas de golfe, com o intuito de desenvolver o esporte. Ao todo, segundo a CBG, o Golfe Para a Vida já capacitou cerca de 300 professores, atingindo mais de 60 mil pessoas.

Apesar da suposta boa intenção, a ação recebeu duras críticas de um nome importante do esporte no país. Idealizadora do projeto que deu a Japeri o primeiro campo de golfe público no país, Vicky Whyte recebeu o convite, mas foi categórica:

— Se tivesse R$ 5 mil para dar, eu daria para Japeri. Aliás, vou entrar em contato com a CBG para ver se consigo duas ou três inscrições gratuitas para dar para os golfistas de lá — afirmou Vicky.

A CBG ainda não recebeu o pedido de Vicky, mas uma decisão sobre a proposta de Japeri só deve acontecer nas próximas semanas, quando o presidente da entidade, Paulo Pacheco, retornará ao país após viagem a trabalho. Ela acredita que o trabalho feito pelo projeto deveria dar direito a vagas no torneio, já que Japeri tem alguns dos melhores golfistas do estado, que, no entanto, não podem pagar R$ 5 mil de inscrição para o torneio.

Vicky também demonstra uma grande insatisfação com o discurso de autoridades públicas segundo as quais a instalação na Barra da Tijuca seria o primeiro campo público de golfe do país ignorando o projeto de Japeri, inaugurado em 2005.

— É uma sacanagem muito grande afirmar que o campo olímpico será o primeiro campo público do país. Japeri, obviamente, é um campo mais simples, mas ele tem tamanho oficial e nove buracos, e poderia ser usado inclusive em torneios internacionais — informa Vicky.

PAGUE E JOGUE

O custo mensal de manutenção do campo em Japeri não passa de R$ 30 mil. Já o olímpico, que é muito maior e foi feito com o que há de melhor no mundo, custa cerca de R$ 350 mil. Após os Jogos, o espaço será administrado pela CBG, que já confirmou que seu uso serápago, como é comum em diversos lugares pelo mundo. A confederação, no entanto, ainda não sabe informar se o acesso comum terá preços populares ou mais restritos.


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