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Operação Noruega: Brasil escolhe grupo mais forte no handebol feminino

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O sorteio do torneio olímpico de handebol segue uma dinâmica diferente. Tanto no masculino quanto no feminino, os 16 países classificados são divididos em dois grupos sendo que o país-sede tem a vantagem de escolher em qual lado ficar. Nesta quinta-feira, com esse poder de anfitrião em mãos, as seleções brasileiras usaram táticas diferentes. Enquanto as mulheres, campeãs mundiais em 2013, optaram por cair no grupo mais forte já pensando em um cruzamento mais favorável nas quartas de final, os homens escolheram o lado mais fraco de olho em uma inédita classificação para o mata-mata olímpico.

O dinamarquês Morten Soubak, treinador e grande nome por trás do sucesso da seleção feminina, disse que não fez a escolha para fugir ou escolher adversários, em especial, a Noruega. Ele preferiu manter a discrição. Mas sua opção evita o que ocorreu em Londres-2012, quando o Brasil se classificou como primeiro do grupo e a favorita Noruega foi acusada de entregar seu último jogo na fase eliminatória contra a Espanha para enfrentar a seleção tupiniquim que, teoricamente, era uma seleção mais fraca. À época, a atitude mexeu com os brios do treinador e das brasileiras.

— A gente viu e sabe que Noruega não jogou tudo o que podia contra a Espanha. Não foram para o contra-ataque, que é a principal arma delas, nenhuma vez — disse a pivô Dani Piedade, bastante chateada, após a eliminação para a Noruega nas quartas de final em Londres-2012. — Talvez, se estivéssemos no lugar delas faríamos igual, mas é claro que a gente queria dar uma resposta (por ter considerado o Brasil mais fraco), porque foi uma forma de menosprezo.

À época, Morten também afirmou que as norueguesas não jogaram “100% contra a Espanha” e que ele jamais “perderia de propósito”, pois isso não condizia com “a maneira como foi educado”. Em Londres-2012, após passar pelo Brasil, a Noruega chegou ao bicampeonato olímpico. No ano seguinte, no entanto, as brasileiras conquistaram o inédito título mundial para colocar o handebol do país em um novo patamar internacional e criar expectativas reais de pódio na Rio-2016.

No último Mundial, em 2015, a Noruega foi a campeã. Já a seleção de Morten perdeu nas oitavas de final para a Romênia, que também está no grupo olímpico do Brasil. Perguntado se o fato de o Brasil ter caído da primeira colocação para a 13ª no ranking mundial em relação ao primeiro e último ano deste ciclo olímpico, o treinador foi direto:

— Não me importo com ranking. Tem seleções que estão bem colocadas, mas não conseguiram vaga. Por exemplo, a Dinamarca. Handebol é momento. Quem estiver melhor no dia, vence. Já provamos que podemos chegar no topo e temos condições de fazer isso novamente — disse Morten.

JORDI: ‘PRECISAMOS VENCER DOIS JOGOS’

Além de Romênia e Noruega, Montenegro e Espanha são as outras seleções fortes no grupo do Brasil. Para Zezé Sales, ex-jogadora da seleção e referência do esporte no país, a comissão técnica escolheu o lado certo:

— Perguntei para o Morten se a escolha do grupo foi já pensando nos duelos das quartas. Ele preferiu não me dizer. Mas é óbvio que é melhor encarar a Noruega em uma fase de grupos do que no mata-mata, pois se perder está fora.

Já a seleção masculina, que não foi à Londres-2012 e nunca alcançou o patamar da feminina, tem uma tática menos ousada, mais pé no chão. O treinador espanhol Jordi Ribera também adotou o discurso político de que não tem grupo “fácil” nos Jogos, mas deixou a entender que o grande objetivo da seleção será avançar pela primeira vez para as quartas de final do torneio olímpico.

— Precisamos vencer dois jogos para conseguir esta vaga inédita — analisou Jordi Ribera.


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