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Estocolmo Em 1981, o americano Willie Banks batia palmas no ritmo da música que tocava em seu walkman enquanto se aquecia para disputar o salto triplo no Bauhaus Galan, em Estocolmo, na Suécia. O público gostou do que viu e começou a imitá-lo. Esta interação criou o rito que hoje está presente em todos os torneios de salto, e deu um clima mais vibrante ao estádio sueco.

Nesta quinta-feora, neste mesmo palco, pela oitava etapa da Liga Diamante, o salto triplo novamente foi destaque, com a vitória do americano Christian Taylor (17,59m). Completaram o pódio Troy Doris (16,7m), da Guiana, e o americano Chris Carter (16,52).

— Até essa competição, o público ficava totalmente quieto. Acreditava-se que o barulho atrapalhava a concentração dos atletas. Mas, desta vez, em 1981, o público passou a bater palmas, e os saltadores foram melhorando seus desempenhos. Foi aí que começou a tradição de bater palmas para os saltos — conta o sueco Lennart Julin, que era o locutor do estádio de Estocolmo, em 1981. — Mas isso se consolidou mesmo no Mundial de Helsinque, em 1983, quando Banks puxou palmas do público para os outros competidores também.

Lennart lembra que, em 1981, o público chegou a ensaiar palmas para Sergey Bubka, do salto com vara. No entanto, o ucraniano dono de 35 recordes mundiais não gostou da reação da arquibancada e pediu silêncio, pois o barulho atrapalhava sua concentração. Até hoje, esta é a única modalidade de salto em que não há palmas.

Inovações como a de Banks, entretanto, fazem falta hoje ao atletismo mundial, que vem perdendo interesse, principalmente dos mais jovens. O que se tem é mais do mesmo, que surte efeito, mas não é suficiente para alavancar o esporte. O fato preocupa a IAAF, que chegou a mexer no formato de competições nesta Liga para tentar solucionar o problema.

As ações da IAAF

Na etapa de abertura desta temporada, em maio, em Doha, o presidente Sebastian Coe admitiu que algo está errado, já que os Jogos de Inverno de Sochi, em 2014, tiveram mais audiência do que o Mundial de Atletismo de Pequim, em 2015. Para tentar reverter esse quadro, a entidade tem feito investimentos em redes sociais e encurtado algumas provas na Liga.

Agora, apenas os donos dos quatro melhores resultados nos três primeiros saltos (triplo e em distância), por exemplo, têm o direito de fazer as seis tentativas. O restante é eliminado. Tradicionalmente, todos os saltadores têm direito às seis tentativas. Assim é no Mundial e nas Olimpíadas.

— O público ajuda a conseguirmos melhores resultados. Então, se essa mudança deixa o pessoal mais feliz, eu fico feliz também — disse Christian Taylor, na ocasião, ao lado de Coe.

O marketing pessoal, entretanto, não pode ser subestimado, conforme mostrou a bela australiana Michelle Jenneke, que já garantiu vaga na Rio-2016. Ela nunca teve um resultado expressivo internacionalmente como profissional, mas conseguiu fazer com que o mundo parasse para ver sua dança de aquecimento nos 100m com barreiras no mundial júnior de Barcelona, em 2012. Um vídeo dessa sua performance no YouTube já tem quase 30 milhões de visualizações. Ela também coleciona centenas de milhares de seguidores nas redes sociais.Isso sem falar em Usain Bolt, o rei das pistas de atletismo.


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