Brasília Amapá |
Manaus

Fabiana Beltrame pode ficar fora dos Jogos mesmo que consiga a vaga na seletiva

Compartilhe

RIO, 19 (AG) – De um início repleto de preconceito por ser uma das raras meninas nas categorias de base até a conquista da única medalha de ouro do país em mundiais de remo, Fabiana Beltrame escreveu seu nome na história do esporte. A completar 34 anos em abril, a catarinense vive um momento de definições em sua carreira e corre risco de ficar de fora dos Jogos do Rio mesmo que conquiste a vaga no Regata Continental Latino-Americana, um torneio pré-olímpico, em Curuama, no Chile, que começa na terça-feira.

Isso porque o sistema de classificação olímpica mudou neste ciclo. E cada país que participa desta seletiva latina só tem direito a ter um barco por gênero nos Jogos, mesmo que conquiste vagas em provas diferentes, de acordo com a Confederação Brasileira de Remo (CBR). Caso mais de um barco conquiste a vaga, a entidade terá que escolher qual deles representará o país.

– Mesmo classificando os dois barcos femininos que estão no Chile, apenas um poderá prosseguir até os Jogos. É uma missão difícil para o técnico – reconhece Julio Soares, treinador da seleção brasileira feminina.

Fabiana, que também foi a primeira remadora brasileira a conquistar uma vaga olímpica, não fica fora do megaevento desde Atenas-2004. Tanto na Grécia quanto em Pequim-2008, ela competira na categoria single skiff pesado, mas não passou das eliminatórias. Com consciência de que poderia ir além, perdeu peso para competir no single skiff leve (até 59kg) e obteve a maior conquista do remo brasileiro até então: a medalha de ouro no Mundial da Eslovênia, em 2011.

Fabiana estava feliz com o resultado esportivo e seu corpo. “Esteticamente, gosto do meu corpo mais seco. Fico melhor comigo mesmo e me acho mais bonita”, disse ela em entrevista ao GLOBO, em setembro de 2011. No entanto, o single skiff leve não é prova olímpica e ela teve que optar, para participar de Londres-2012, entre o double skiff leve ou voltar ao single skiff pesado. Acabou escolhendo o leve. Formou parceria com Luana Bartholo e a dupla terminou o megaevento da capital inglesa na 13ª colocação.

Durante boa parte do ciclo até a Rio-2016, Fabiana procurou, sem sucesso, uma parceira. Foi medalhista de prata no single skiff leve no Pan de Toronto e seguiu nesta mesma categoria até o fim do ano. Em janeiro passado, já sem esperanças de encontrar uma parceira, ela aumentou a quantidade de comida em sua dieta para subir de peso – foi de 59kg para 63 kg – e categoria.

– No ciclo, cheguei a formar dupla com Beatriz Tavares e conseguimos bons resultados. Mas estava muito difícil para ela se manter nos 59kg, e acabamos desistindo – disse Fabiana, explicando como foi a decisão de subir de categoria. – Era uma ideia que eu já vinha amadurecendo. Quando a Beatriz saiu, eu resolvi focar mesmo no single skiff. Não posso ganhar muito peso por causa da minha estrutura óssea. Caso contrário, fico sem força para remar.

Fabiana explica que vinha fazendo bons tempos no peso leve e que teria condições de se destacar no pesado, uma categoria que é de 10 a 15 segundos mais rápida que a leve e na qual as remadoras costumam ter uma estrutura óssea maior e, consequentemente, medem mais que os 1,72m de altura da brasileira.

No Chile, Vanessa Cozzi e Fernanda Nunes, no double skiff leve, formam a outra dupla brasileira a tentar a vaga na seletiva. Caso Fabiana e elas conquistem a vaga, a CBR terá que escolher quem representará o país na Rio-2016. Durante o ciclo olímpico, Fabiana chegou a tentar formar dupla com Vanessa, mas imprevistos aconteceram e o tempo foi passando.

– Elas (Vanessa e Fernanda) estão muito bem, com grandes chances de classificação. E vai ser difícil decidir qual dos barcos irá representar o país. Mas, infelizmente, as regras são assim – lamenta Fabiana, que promete ter ido ao Chile para vencer o torneio.

Marcello Varriale, coordenador técnico da seleção, explica que não há possibilidade de Fabiana formar dupla com Vanessa ou Fernanda, pois a vaga para os Jogos é nominal. No masculino, os únicos brasileiros a tentarem a vaga no Chile são Xavier Vela e William Giartton, no double skiff.

Neste domingo, a partir das 8h30m, na Lagoa, acontece a 45ª Regata Remo do Futuro, que visa encontrar novos talentos no esporte, com cerca de 200 remadores a partir de 12 anos.


...........

Siga-nos no Google News Portal CM7