Famosos voltam a se mobilizar contra crimes na Ilha do Marajó; veja vídeo
Brasil – O debate sobre a adultização infantil voltou a ganhar força nas redes sociais após a denúncia feita pelo youtuber Felca. A repercussão reacendeu discussões sobre os graves casos de violência sexual contra crianças e adolescentes na Ilha do Marajó, no Pará, um dos locais mais críticos do país nesse tipo de crime.
Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Pará apresenta uma taxa de 3.648 casos, bem acima da média nacional de 2.449. Apenas em 2022, foram contabilizados 550 crimes sexuais cometidos contra crianças e adolescentes no arquipélago, sendo 407 estupros de vulnerável. Entre 2019 e 2022, a região registrou cerca de 550 processos relacionados à violência contra crianças, o que representa 1,5 caso por dia.
Mesmo com uma população reduzida em comparação ao restante do estado, o Marajó concentrou, em 2020, 5,6% de todos os registros desse tipo de crime no Pará. Especialistas alertam, porém, que o número real pode ser ainda maior devido à subnotificação, consequência do isolamento geográfico, da pobreza extrema e da ausência de serviços de proteção eficazes.
Carlinhos Maia cobra mais ação das autoridades
A prisão do influenciador Hytalo Santos, acusado de exploração sexual infantil, somada às falas de Felca, levou outros famosos a se posicionarem. O humorista e influenciador Carlinhos Maia usou suas redes sociais para cobrar mais atenção das autoridades sobre o que ocorre no arquipélago.
“Continuem com a mesma força e a mesma energia, não parem não, levem esse foco também como vocês estão com esse influenciador e essas crianças. Levem esse mesmo foco, com essa mesma raiva em uma coisa que literalmente é tráfico de humanos todos os dias, a olho nu, que acontece em uma ilha há anos e anos e anos”, disse Carlinhos.
Ele também destacou a necessidade de responsabilizar as famílias e comunidades:
“Eu acho sim que a rede social deve ser regulamentada, eu acho sim que os pais, as comunidades, as músicas. Porque não adianta você ir lá e só criminalizar o cara que está ali filmando a criançada e não vigiar as músicas que você coloca para os seus filhos ouvirem dentro de casa, a forma como vocês falam, lidam e fazem o que acontece na frente das crianças.”
Música de Aymeê Rocha trouxe a pauta para o centro do debate
A discussão sobre o Marajó ganhou ainda mais força em 2024, quando a cantora gospel Aymeê Rocha, de 28 anos, natural de Belém, viralizou ao cantar “Evangelho de Fariseus” no Dom Reality, um show de talentos evangélico.
Na letra, ela faz críticas sociais, menciona a Ilha do Marajó como palco de crimes de prostituição infantil e tráfico de órgãos e questiona a omissão da igreja diante da gravidade da situação.
Com a repercussão, Aymeê ultrapassou 1 milhão de seguidores no Instagram e levou o tema para um público ainda maior.
Quem é Aymeê Rocha?
Com mais de 200 composições, Aymeê mora em Redenção, no sul do Pará, onde atua como cantora e compositora cristã. Finalista do Dom Reality em 2023, ela compartilha em suas redes sua rotina entre música, fé, natureza e debates sobre problemas sociais.
Damares Alves também denunciou o cenário
A situação no arquipélago já havia chamado atenção do Congresso. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) liderou uma missão oficial da Comissão de Direitos Humanos (CDH) ao Marajó, com visitas a Breves e Anajás para investigar denúncias de abuso sexual e tráfico humano de crianças e adolescentes.
Na ocasião, o grupo ouviu a mãe de Amanda, menina de 11 anos sequestrada, torturada e assassinada em Anajás. O corpo foi encontrado a menos de 150 metros da casa da família. Dois suspeitos foram condenados, mas Damares questionou a possibilidade de outros envolvidos.
O caso de Elisa, desaparecida aos dois anos de idade, também foi acompanhado. A investigação foi reaberta pelo Ministério Público após indícios de negligência policial. A mãe da menina afirmou ter recebido ameaças de supostos traficantes, que chegaram a mostrar uma foto da criança viva e exigiram outra criança em troca.
“Por que essa menininha está desaparecida? Ela desapareceu com dois anos de idade, já está chegando aos quatro e não se conclui a investigação. Por incrível que pareça, o primeiro delegado encerrou o caso. Já está no terceiro delegado”, declarou Damares.


