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Homenagens a vítimas de violência na Lagoa são removidas

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RIO — Os 71 cartazes com nomes de vítimas da violência, fixados na grade da orla da Lagoa por integrantes da ONG Rio de Paz, foram retirados pela subprefeitura da Zona Sul antes do tempo previsto. Quando a organização lançou a campanha de homenagens, planejou fazer a remoção assim que o estado alcançasse o índice de 10% de homicídios dolosos para cada 100 mil habitantes. Hoje, porém, esse número ainda é alto: 25,4%, segundo o Instituto de Segurança Pública.

Os cartazes, de cores preta, estampavam os nomes de policiais mortos em serviço e crianças, de até 14 anos, vítimas de bala perdida. Eles foram distribuídos ao longo da grade, na altura da Curva do Calombo, próximo à bicicleta que homenageia o médico Jaime Gold, esfaqueado e morto em maio do ano passado, durante um assalto, quando pedalava pelo local. A lembrança, iniciativa também da ONG, foi a única que restou da “faxina”.

Em nota, a subprefeito da Zona Sul, Heitor Wegmann, informou que a medida atendeu a um pedido dos próprios moradores, “que solicitaram a remoção dos outros cartazes que não diziam respeito à manifestação da morte do médico” e estavam acumulados. Ainda de acordo com Wegmann, o grupo reclamou que as placas traziam nomes de pessoas que haviam sido vítimas em outros locais da cidade, e não na Lagoa. Eles pediram que mantivessem, apenas, a homenagem ao médico.

A atitude, porém, desagradou não só os integrantes da ONG, mas amigos e familiares das vítimas. Assim que a notícia da retirada das placas se espalhou, a organização recebeu inúmeras mensagens de pessoas inconformadas: “Muito triste você defender a vida de pessoas que nem deixam homenagear colegas que tombaram na guerra”, escreveu um policial à ONG.

— É um sentimento de frustração. Porque os policiais reclamam do abandono, e a sociedade se dispõe a homenagear às vítimas com um movimento voltado aos direitos humanos, colocando, a cada semana, nomes de policiais mortos ou crianças mortas por bala perdida — lamentou o presidente da ONG, Anônio Carlos Costa, que adiantou planejar continuar com as homenagens em outro ponto da cidade.


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