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‘Velório sem corpo’: familiares de mulher que foi assassinada e jogada no rio prestam as últimas homenagens em Tapauá; veja vídeo

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'Velório sem corpo': familiares de mulher que foi assassinada e jogada no rio prestam as últimas homenagens em Tapauá; veja vídeo

Amazonas – A dor de uma perda irreparável, agravada pela ausência do corpo para o último adeus. Foi nesse cenário de comoção e injustiça que familiares e amigos de Antônia Vicente da Silva, de 45 anos, se reuniram na beira do rio Purus, no município de Tapauá, no interior do Amazonas, para prestar suas últimas homenagens à mulher brutalmente assassinada.

Em um gesto simbólico e profundamente tocante, balões brancos foram soltos ao céu como forma de despedida. Um vídeo do momento mostra parentes chorando, em meio a orações, lembranças e promessas de justiça. Não havia caixão, nem corpo. Apenas a presença de quem a amava e a ausência dolorosa da mulher que era conhecida por sua alegria, coragem e por sempre acolher todos ao redor.

“Um velório sem corpo não é justo”, lamentou um dos familiares, em uma homenagem comovente publicada nas redes sociais. “Tiraram o fôlego dela, tiraram os sonhos que ela ainda tinha. Uma mãe, uma irmã, uma amiga, uma tia. Uma mulher que não tinha tempo ruim, só tinha felicidade com ela.”

Antônia era reconhecida por sua força e por não aceitar injustiças, especialmente quando se tratava de violência contra a mulher. “Sempre dizia: ‘Vocês não podem deixar esses machos escrotos controlar vocês. Denunciem. Não tenham pena desses demônios’”, recordou uma sobrinha, emocionada. “O que ela mais temia aconteceu. Que o Papai do Céu lhe receba em seus braços.”

O crime

Antônia desapareceu no dia 17 de julho, após um encontro com o ex-companheiro Airton Milome Queiroz, de 48 anos. Ele chegou a negar qualquer envolvimento com a vítima, mas após intensa investigação da Polícia Civil e pressão das testemunhas, confessou ter matado Antônia por ciúmes, utilizando um fio para enforcá-la. Em seguida, jogou o corpo no rio Purus.

Airton foi preso na sexta-feira (25), na comunidade Tambaquizinho, zona rural de Tapauá. Ele será transferido para Manaus e responderá por feminicídio.

Durante a coletiva de imprensa sobre o caso, o delegado Paulo Mavignier, diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), classificou o crime como cruel e covarde, e destacou a mobilização imediata da Polícia Civil para capturar o suspeito. “Foi um caso que chocou a população de Tapauá. Todo o aparato possível foi mobilizado, com apoio do Corpo de Bombeiros, cães farejadores, da Aleam, Defesa Civil e Prefeitura.”

A investigação conduzida pelo delegado Vinícius Darrieux, da 64ª Delegacia Interativa de Polícia de Tapauá, revelou que Airton e Antônia mantinham um relacionamento amoroso há pelo menos três anos. Ele tentou forjar um álibi pedindo que uma testemunha mentisse à polícia, mas acabou desmascarado.

No bote de Airton, a polícia encontrou vestígios de sangue. O corpo de Antônia, no entanto, ainda não foi localizado, e as buscas continuam com apoio do Corpo de Bombeiros do Amazonas.

Justiça e memória

A ausência do corpo não apagou a presença viva de Antônia na memória de quem ficou. A despedida silenciosa, marcada por lágrimas e balões lançados ao céu, simbolizou o luto de uma comunidade inteira. Uma mulher que era farol para os seus e que teve a vida interrompida por um ato de covardia.

Agora, o que resta é a busca por justiça e por respostas. A luta dos familiares segue não apenas para que o corpo de Antônia seja encontrado, mas também para que sua morte não seja apenas mais um número nas estatísticas de feminicídio no Brasil.

“Te amamos, tia. Nenhuma palavra descreve o que estamos sentindo. Olhe por nós aí de cima. Aqui, a sua voz não será esquecida.” 💔





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