Posse de Maria Benigno no TRE-AM marca avanço da representatividade feminina no Judiciário
Amazonas – A posse da advogada Maria Benigno no Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM), realizada na terça-feira, 5 de novembro, é um marco importante para a representatividade feminina no judiciário do estado. Com quase 20 anos de atuação na área eleitoral, Benigno se torna um símbolo de perseverança e competência ao conquistar um lugar na Corte Eleitoral amazonense, após sete tentativas, sendo agora nomeada para ocupar a vaga de desembargadora substituta.
A advogada foi amplamente reconhecida por sua trajetória e expertise no Direito Eleitoral, com apoio unânime de colegas, juízes e advogados. A juíza Giselle Falcone, ao comentar a nomeação, foi enfática ao destacar que a escolha de Benigno vai além de uma simples questão de gênero. “Sua nomeação não é um ato simbólico ou restrito a um aspecto de gênero: trata-se de um mérito inquestionável, uma conquista baseada em sua competência, integridade e dedicação ao Direito Eleitoral”, afirmou a juíza.
No entanto, a conquista de Maria Benigno também representa um avanço significativo na luta pela paridade de gênero no judiciário, especialmente considerando os dados alarmantes do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). De acordo com o CNJ, apenas 38% dos juízes no Brasil são mulheres, enquanto as desembargadoras representam 25%, e as ministras de tribunais superiores, apenas 25%. A situação reflete a dificuldade de mulheres conquistarem postos de destaque no sistema judiciário, ainda que representem a maioria da população e do eleitorado brasileiro.
Benigno, em seu discurso de posse, refletiu sobre a importância histórica de sua nomeação e como ela se insere na luta contínua pela equidade de gênero. “Ainda que como substituta, é um marco não apenas para minha trajetória, mas para a luta contínua da representatividade feminina em todas as esferas de poder. É uma honra e uma responsabilidade imensa que assumo em nome de cada mulher que, com coragem e competência, luta para fortalecer a nossa democracia”, afirmou a advogada.
A caminhada de Maria Benigno para essa conquista não foi fácil. Desde 2016, ela se candidatava repetidamente a uma vaga no pleno do TRE-AM, enfrentando um cenário em que as mulheres, embora predominantes no eleitorado, continuam sub-representadas nas esferas decisivas do judiciário. Foram sete tentativas até que sua resiliência fosse finalmente recompensada. Esse processo de longa duração não só destaca a capacidade de Benigno, mas também traz à tona a reflexão sobre as barreiras que as mulheres ainda enfrentam para alcançar posições de liderança no sistema judiciário.
O presidente do TRE-AM, desembargador João Simões, também destacou a importância da representatividade feminina para o fortalecimento das instituições democráticas. Ele ressaltou que a crescente presença de mulheres na Corte Eleitoral amazonense reflete uma política de paridade e justiça, que almeja equilibrar a participação feminina nas decisões políticas e judiciais. “O Brasil é constituído majoritariamente por mulheres. O eleitorado também é majoritariamente feminino. E é isso que a política do Conselho Nacional de Justiça busca alcançar, com a paridade nos tribunais”, afirmou Simões.
A nomeação de Benigno vem em um momento em que o TRE-AM está prestes a viver uma nova realidade. Pela primeira vez, o tribunal será comandado por duas mulheres: as desembargadoras Carla Maria Reis, eleita presidente, e Nélia Caminha, eleita vice-presidente. Esse é um reflexo das mudanças que estão ocorrendo na Corte, sinalizando que, aos poucos, a paridade de gênero começa a se tornar uma realidade no judiciário amazonense.
Maria Benigno, com sua experiência e dedicação, não só representa um avanço para a representatividade feminina no TRE-AM, mas também serve de inspiração para futuras gerações de mulheres que desejam ocupar espaços de poder e decisão no Brasil. A posse dela é, portanto, não apenas uma vitória pessoal, mas uma conquista coletiva para todas as mulheres que, incansavelmente, buscam maior igualdade e justiça em todas as áreas da sociedade.