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Portal CM7 convida especialista para esclarecer o que é mito e o que é verdade sobre a doença da urina preta

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Manaus (AM) – O peixe é um dos alimentos mais consumidos pelos amazonenses. Mas a notícia da primeira vítima fatal da doença da urina preta, uma mulher de 51 anos, vem causando pânico desde então. Diante disso, é fundamental esclarecer o que é mito e o que é verdade sobre essa proteína tão apreciada no nosso estado.

Segundo a Biblioteca Virtual em Saúde, a doença é causada por uma toxina que pode ser encontrada em determinados peixes como o tambaqui, o badejo e a arabaiana ou crustáceos (lagosta, lagostim, camarão).

Quando o peixe não foi guardado e acondicionado de maneira adequada, ele cria uma toxina sem cheiro e sem sabor. Ao ingerir o produto, mesmo cozido, a toxina provoca a destruição das fibras musculares esqueléticas e libera elementos de dentro dessas fibras no sangue, ocasionando danos no sistema muscular e em órgãos como os rins.

Sintomas:

Ocorre extrema rigidez muscular de forma repentina, dores musculares, dor torácica, dificuldade para respirar, dormência, perda de força em todo o corpo e urina cor de café, pois o rim tenta limpar as impurezas, o que causa uma lesão na musculatura. A doença causa muitas dores musculares, lembrando a dengue, porém sem febre.

Os sintomas costumam aparecer entre 2 e 24 horas após o consumo dos peixes ou crustáceos.

Tratamento:

A hidratação é fundamental nas horas seguintes ao aparecimento dos sintomas, uma vez que assim é possível diminuir a concentração da toxina no sangue, o que favorece sua eliminação através da urina. Nos casos graves, pode ser necessário fazer hemodiálise.

Mas o que é mito e o que é verdade sobre esta doença?

A doença de Haff, que é uma síndrome que consiste em rabdomiólise (condição clínica definida por lesão muscular com liberação de conteúdo intracelular), ou popularmente conhecida como ‘doença da urina preta’ tem gerado uma série de dúvidas. Com o objetivo de esclarecer as principais incertezas dos nossos leitores, o Portal CM7 conversou com o Dr. Fábio Lopes, PhD em ciências pesqueiras pela Universidade Federal do Amazonas, especialista em tecnologia de produtos de origem animal, recursos pesqueiros e engenharia de pesca.

De acordo com o pesquisador, não há motivos para alarme. Quem tem o hábito de consumir esse alimento deve continuar assim fazendo.

“Não há a necessidade desse pânico que está havendo e afetando principalmente o sistema pesqueiro. Informações desencontradas, mitos e suposições. Ainda não existe comprovação cientifica de que a doença está sendo transmitida pelo pescado. Até o momento ainda só se sabe o que é dito pelo paciente”, informou Dr. Fábio.

Ainda segundo o especialista, um grupo de pesquisadores do Brasil inteiro está trabalhando desde 2013 para investigar a doença, após uma epidemia que ocorreu na Bahia onde morreram várias pessoas.

“Em Santa Catarina, um estudo ainda não concluído informa que a doença é oriunda de uma alga, uma toxina presente nesta alga que o peixe ao ingerir passa por condução no tecido. O homem, ao consumir o peixe contaminado, acaba por ingerir a toxina e destrói o tecido conjuntivo muscular”, completou.

Então, diante das afirmações, os principais cuidados devem estar em evitar consumir peixes retirados de ambientes duvidosos, com áreas muito sujas e contaminadas. Mas que, segundo ele, o peixes de aquicultura ou peixe de viveiro estão fora desse risco. “Eu diria, com 99% de probabilidade, que eles [peixe de viveiro] estão isentos. O peixe de aquicultura na atualidade constitui como o peixe que não oferece riscos à saúde pública”, afirmou Lopes.

Dentre os pescados que estão em observação estão o tambaqui, o pirapitinga e o pacu; todos pertencentes à mesma família, possuindo portanto os mesmos hábitos alimentares.

Recomendação:

Ao sentir dores musculares e apresentar urina escura após o consumo de peixes ou crustáceos, deve-se procurar imediatamente uma unidade de saúde.

Assista a entrevista com DR. Fábio Lopes: 


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