Urgente: bebê recém-nascido morre por falta de cateter e atendimento médico na Maternidade Balbina Mestrinho
Brasil – A tragédia que a família de Francilene Vilena Pinto tanto temia se concretizou nesta quinta-feira (5/6). O pequeno Francisco Hélio Pinto Torres, de apenas 14 dias de vida, faleceu na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) da Maternidade Balbina Mestrinho, em Manaus, após uma agonia marcada pela falta de estrutura, profissionais e eficiência do sistema de saúde pública do Amazonas.
O bebê, nascido prematuro no dia 22 de maio, precisava com urgência da implantação de um cateter de Tenckhoff para a realização de diálise peritoneal, procedimento vital diante do agravamento de seu quadro clínico, que evoluiu para choque séptico e insuficiência renal aguda. Desde o dia 29 de maio, a necessidade do cateter havia sido confirmada, mas a maternidade não contava com cirurgião pediátrico para realizar a intervenção.
Negligência e impasses até o fim
A tentativa de transferência para o Instituto da Criança do Amazonas (ICAM), que possui estrutura para esse tipo de cirurgia, esbarrou em sucessivas negativas. No dia 30 de maio, o bebê chegou a ser levado até o elevador da maternidade para a transferência, mas, de última hora, a vaga foi cancelada por conta de outra emergência.
O quadro clínico do recém-nascido se agravava a cada dia: exames apontaram níveis alarmantes de creatinina (3,8 mg/dL) e ureia (108,2 mg/dL), demonstrando a urgência do procedimento que nunca veio. Novas tentativas de transferência falharam.
Em meio ao desespero, a família acionou a Justiça. O advogado Diego Vinícius Lira Pinto conseguiu uma decisão judicial obrigando o Estado do Amazonas a providenciar, imediatamente, um cirurgião pediátrico ou contratar um profissional da rede privada para atuar na maternidade.
Mesmo com a ordem judicial, nenhuma providência foi tomada a tempo. O bebê permaneceu internado, cada vez mais frágil, enquanto a burocracia e a falta de iniciativa das autoridades estaduais prolongavam o sofrimento.
Problemas estruturais agravaram o drama
Além da ausência de médicos especializados, a maternidade enfrentava problemas estruturais: o elevador fundamental para levar o bebê à sala de cirurgia estava quebrado. A mãe, Francilene, relatou que a equipe médica da UTIN demonstrou empatia e cuidado, mas esbarrava na falta de comunicação e ação da direção da unidade e do governo estadual.
“É muito triste. É uma mistura de raiva e desespero. Quero justiça, quero entender por que isso aconteceu”, declarou Francilene antes do falecimento do filho.
A mãe, que se deslocou do município de Coari, a 363 km de Manaus, para o parto, também denunciou a ausência de apoio para pacientes vindos do interior do estado: “Deixei tudo em Coari para estar aqui. O Estado precisa olhar para quem vem do interior.”
O silêncio das autoridades
Até o momento, a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) não emitiu nota oficial sobre o falecimento do bebê, tampouco sobre as medidas que seriam adotadas para apurar responsabilidades ou prevenir novas tragédias.