Brasília Amapá |
Manaus

Inimigo do meio ambiente: diretor do IPAAM autorizou construção de novo lixão e derrubada de árvores em Manaus

Compartilhe
Inimigo do meio ambiente: diretor do IPAAM autorizou construção de novo lixão e derrubada de árvores em Manaus

Manaus – Juliano Valente, diretor presidente do Instituto de Proteção Ambiental da Amazônia (IPAAM), parece estar fazendo um trabalho contrário ao próprio cargo que ocupa. Neste ano, duas medidas geraram revolta tanto dos defensores do meio ambiente quanto na comunidade local: o corte de árvores na área central da movimentada Avenida Efigênio Salles e a concessão para a construção de um aterro sanitário em uma Área de Proteção Permanente (APP) localizada no Ramal Itaúba, no quilômetro 13 da BR-174, no bairro do Tarumã.

Retirada de árvores do meio urbano

Ainda que Manaus seja uma das cidades menos arborizadas do país no meio urbano, aparentemente, o presidente do IPAAM não tem se preocupado em reverter esse quadro. Uma das decisões mais polêmicas de Juliano Valente foi a autorização para a retirada de mais de 50 árvores no canteiro central da movimentada Avenida Efigênio Salles. De acordo com um documento homologado em abril deste ano pelo IPAAM, a ação foi justificada como necessária para a instalação de blocos de concreto, conhecidos como “dentes de dragão”, com o objetivo de dividir as pistas da avenida.

No entanto, o corte indiscriminado de árvores em Manaus tem levantado sérias preocupações sobre o equilíbrio ambiental e a qualidade de vida na região. Devido à temporada de estiagem e falta de chuvas, o calor na cidade é particularmente intensificado devido ao fenômeno conhecido como “Ilhas de Calor”, onde áreas sem árvores acabam retendo mais energia solar e consequentemente aumentando a temperatura e sensação térmica no local, principalmente em locais com concreto e asfalto. Devido a isto, a sensação térmica em Manaus pode ultrapassar 45ºC, além de que a falta de arborização aumenta a propensão para doenças de pele ocasionadas pelos raios Ultravioleta (UV), já que diminuem as áreas de sombras naturais onde as pedestres poderiam utilizar para se abrigar do forte sol.

Outra questão é que a árvores na Avenida Efigênio Salles também servem como corredor ecológico para animais silvestres, como a revoada de Periquitos-de-asa-branca (Brotogeris versicolurus), que diariamente utilizam as árvores da avenida para abrigo durante trajeto migratório.

Permissão para aterro no Tarumã

Outra decisão polêmica foi a emissão de licença para a construção de um aterro sanitário em uma Área de Proteção Permanente (APP) localizada no Ramal Itaúba, no quilômetro 13 da BR-174, no bairro do Tarumã. A decisão em favor da empresa Ecomanaus Ambiental, pertencente ao Grupo Marquise Ambiental, permitiu um desmatamento em um área de 142,28 hectares, além de colocar em risco a bacia hidrográfica do Tarumã. O próprio IPAAM reconhece, no documento, que essa atividade pode causar sérios danos ao meio ambiente.

Segundo o documento emitido pelo IPAAM em maio, a finalidade da autorização era “permitir a operação de um aterro sanitário para a disposição de resíduos sólidos urbanos (RSU), para realização de testes operacionais referentes à funcionalidade da infraestrutura rodoviária (acessos), praças de trabalho, bem como a realização da primeira camada de regularização e proteção dos dispositivos de drenagem de efluentes, líquidos e gasosos, já implantados em fundação, em uma área de 142,28 ha.” O documento ainda classificou a atividade como “potencial poluidor/degradador: Grande.”

Vale ressaltar que a Licença de Operação n.º 173/2023 foi suspensa no dia 28 de agosto, pelo Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM) via medida cautelar.


...........

Siga-nos no Google News Portal CM7