Empresário preso com R$ 1,2 milhão é sócio de empresa-fantasma registrada em parada de ônibus no AM
Amazonas – O empresário Cesar de Jesus Glória Albuquerque, preso na última terça-feira (20) no Aeroporto Internacional de Brasília com R$ 1,25 milhão em espécie, é sócio da CJ Comércios e Serviços, uma empresa que atua em mais de 40 atividades comerciais, mas que não possui sede física identificável nem funcionários registrados oficialmente.
Apesar de a CJ Comércios e Serviços declarar no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) possuir entre 21 e 50 funcionários, as investigações da Polícia Federal indicam que a empresa não possui funcionários formalmente registrados.
Além disso, o endereço oficial informado — BR-174, Km 179, comunidade Nova Jerusalém, em Presidente Figueiredo (AM) —, ao ser verificado por imagens recentes do Google Maps (atualizadas em agosto de 2024), corresponde apenas a uma parada de ônibus à beira da rodovia, sem qualquer estrutura empresarial visível no local.
Fundada em 2018, a CJ Comércios e Serviços possui capital social declarado de R$ 2,5 milhões e atua em setores que vão do comércio varejista de alimentos à manutenção de embarcações, construção civil, arquitetura, serviços funerários, turismo, veterinária e confecção de roupas, entre outros.
Contratos públicos e forte ligação política
Cesar declarou em depoimento à Polícia que a empresa mantém contratos com prefeituras do interior do Amazonas, como a de Presidente Figueiredo. Em 2021, a CJ Comércios foi contratada pela prefeitura de Presidente Figueiredo para realizar a manutenção de botes aquáticos, com um contrato no valor de R$ 130 mil.
Outro ponto que chama atenção nas investigações é a forte ligação do empresário com o vereador Lucas Moitinho, filho do empresário Vagner Santos Moitinho — que também foi preso na mesma operação. Fotos e registros mostram a proximidade de Cesar com Lucas, o vereador mais votado de Presidente Figueiredo, o que levanta suspeitas sobre possível favorecimento em contratos públicos e relações próximas à política local.
Investigação e desdobramentos
A Polícia Federal continua apurando a origem do dinheiro apreendido com Cesar e a legalidade dos contratos da CJ Comércios e Serviços com órgãos públicos. As suspeitas apontam que a empresa pode ser uma fachada para movimentação de recursos ilícitos, lavagem de dinheiro e desvio de verbas públicas.
Além disso, a ausência de sede física real, o grande número de atividades registradas, a discrepância no número de funcionários e os vínculos políticos com agentes públicos indicam um esquema complexo que está sendo desvendado.