Escândalo: empresário denuncia “Máfia das Licitações” e esquema de desvio R$ 300 milhões da Saúde na gestão de Wilson Lima
Amazonas – Escândalos e suspeitas de corrupção voltam a manchar a gestão do governador Wilson Lima, que já acumula um histórico de denúncias envolvendo contratos milionários e falta de transparência na aplicação dos recursos públicos. O governo, que deveria garantir eficiência e responsabilidade na administração da saúde, tem se tornado sinônimo de má gestão, denúncias de favorecimento e desperdício de verbas que deveriam salvar vidas. A cada nova revelação, cresce a indignação da população amazonense, que assiste ao colapso da saúde pública.
Desta vez, o Pregão Eletrônico nº 068/2025, conduzido pela Central de Serviços Compartilhados (CSC/AM) e avaliado em R$ 300 milhões, tornou-se alvo de denúncias de fraude, direcionamento e conivência da cúpula responsável pelo certame.
As acusações foram feitas pelo empresário Sergio Chalub, que classificou o esquema como a consolidação da chamada “Máfia das Licitações” no Amazonas. Segundo ele, empresas que seriam reincidentes em irregularidades, ao qual Chalub cita ALS, Mamoré e UNI+, teriam sido favorecidas de maneira escandalosa, enquanto concorrentes que cumpriram todas as exigências foram sumariamente desclassificados.
Segundo o denunciante, a CSC aparece como a engrenagem que garante a blindagem das empresas beneficiadas. Valter Siqueira Britto, presidente da CSC e da vice-presidente Andreia Lasmar, e sua equipe são acusados por Chalub de manipular processos, atropelar prazos e empurrar para dentro da máquina pública empresas questionadas por documentos inconsistentes. Entre elas, a Mamoré e a ALS, que já carregariam histórico de denúncias de fraudes em contratos milionários com o Estado.
Chalub afirma ter reunido documentação robusta, já protocolada no Ministério Público Estadual (MPE-AM) e na Justiça, para exigir investigação imediata e punição dos envolvidos.
O caso MADIM: desclassificação arbitrária
O episódio mais grave ocorreu no Lote 08 do pregão, quando a empresa MADIM (Proponente 10) foi desclassificada em 24 de abril de 2025, às 10h52. O pregoeiro alegou “documentos insatisfatórios”, sem detalhar quais, contrariando o subitem 12.13 do edital, que prevê a realização de diligência para sanar dúvidas ou inconsistências antes de eliminar qualquer participante.
A decisão, sem explicações concretas, beneficiou diretamente a concorrente Mamoré, cuja sócia é Francisnalva Mendes Rodrigues — ex-diretora do Hospital 28 de Agosto e ex-secretária de Saúde de Coari.
“Máfia das Licitações”: a denúncia de Sergio Chalub
Em sua manifestação, Chalub acusa diretamente a Comissão Geral de Licitação (CGL) e o presidente da CSC, Walter Siqueira Brito, de comandarem um grupo de pregoeiros destinado a manipular licitações. Veja vídeo:
Segundo ele, empresas favorecidas receberam múltiplas chances de corrigir documentos irregulares, enquanto a MADIM, com documentação supostamente 100% correta, foi eliminada sem direito de defesa.
“Estou denunciando um grupo criminoso que desvia recursos da saúde. Documentos falsos, atestados irregulares e conivência direta do presidente Walter Siqueira. Isso é crime, e os responsáveis vão pagar por isso”, declarou o empresário, que afirmou estar arriscando a própria segurança ao expor o caso.
Ele também denunciou que contratos milionários seguem sendo homologados mesmo antes da análise de recursos, o que demonstra manipulação de resultados e atropelo da lei.
O esquema de Francisnalva Mendes Rodrigues
A presença de Francisnalva Mendes Rodrigues na licitação levanta graves suspeitas de conflito de interesses. Com histórico de cargos estratégicos na saúde pública do Amazonas, ela fundou a empresa Mamoré, agora habilitada no pregão.
Sua atuação revela o trânsito entre o setor público e privado: após gerenciar contratos milionários no Estado, hoje disputa — e vence — licitações por meio de empresa própria. A suspeita é de que sua relação com a cúpula da CSC tenha garantido sua habilitação irregular.
Favorecimento da ALS: dois pesos e duas medidas
Outro caso escandaloso envolve a empresa ALS (Proponente 17), favorecida em 17 de julho de 2025. Apesar de apresentar propostas com divergências graves entre valores unitários e globais — que deveriam gerar desclassificação automática —, a empresa teria sido mantida no certame após o pregoeiro decidir ignorar as irregularidades.
Além disso, a ALS teria apresentado assinaturas eletrônicas inválidas, feitas por terceiros, em desacordo com o edital. Mesmo assim, o CSC teria validado a proposta.
Segundo Chalub, o verdadeiro dono da ALS é o servidor público Francisco Keginaldo Porfírio da Silva, técnico em radiologia, legalmente impedido de contratar com o Estado. Ele seria o mentor do esquema, utilizando o próprio filho como laranja, junto com os sócios André Scariot e o enfermeiro conhecido como “Andrezinho”.
Ainda segundo o empresário, o grupo já teria sido alvo de inquéritos e suspensões judiciais em licitações federais.
Medidas judiciais e administrativas
Diante das irregularidades, já foram adotadas medidas como:
- Mandado de segurança para suspender o certame em relação ao Lote 08.
- Pedidos de anulação da habilitação da Mamoré e da aceitação da proposta da ALS.
- Reabilitação da MADIM no pregão.
- Requerimento administrativo ao CSC, solicitando cópia integral das decisões.
Denúncia formal ao MPE-AM para investigar improbidade administrativa e punir as empresas e os agentes públicos envolvidos.
Conivência e silêncio oficial
O presidente da CSC, Walter Siqueira Brito, é apontado como articulador do esquema, acusado de formar um núcleo de pregoeiros para direcionar licitações. Até o momento, a CSC não apresentou justificativas consistentes para a exclusão da MADIM nem para a habilitação de empresas com documentação irregular.
O silêncio oficial reforça a percepção de que há conivência institucional e favorecimento interno, sustentado por interesses políticos e empresariais.
Mais um capítulo da corrupção na saúde do Amazonas
As denúncias lembram outros escândalos já vistos no Estado, como a compra de respiradores na pandemia. Agora, o enredo se repete, com a suspeita de que a CSC e a Secretaria Estadual de Saúde estejam blindando empresas como Mamoré e ALS, ambas com histórico de contratos suspeitos.
Inclusive, o Diário Oficial teria sido manipulado para dar aparência de legalidade a homologações irregulares. Documentos aparecem assinados em sequência irregular, com destaque para a vice-presidente da CSC, Andreia Lasmar, citada em atas suspeitas.
Risco de desvio milionário
O caso vai além de uma disputa empresarial: trata-se de um esquema de corrupção organizado, que coloca em risco R$ 300 milhões destinados a serviços administrativos na área da saúde.
Segundo Chalub, cada centavo desviado representa vidas perdidas em hospitais que já sofrem com a falta de médicos, insumos e atendimento digno.
Agora, cabe ao Ministério Público, à Polícia Federal e ao Tribunal de Contas investigar com urgência as denúncias. Caso a apuração não ocorra, o Amazonas poderá assistir a mais um dos maiores escândalos de licitação de sua história ser engolido pela impunidade.
Veja documentos abaixo: